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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fumar durante a gravidez causa alterações no comportamento das crianças

Filhos tendem a adotar atitudes pouco aceitas socialmente, diz estudo

POR MINHA VIDA - PUBLICADO EM 25/07/2013
Diversos estudos já mostraram os malefícios que o cigarro pode trazer durante a gravidez. Agora, uma grande revisão feita pela Universidade de Leicester, na Inglaterra, mostrou que as crianças cujas mães fumaram durante a gravidez podem ter um risco aumentado de problemas de conduta, como dificuldade em seguir regras ou não conseguir se comportar de maneira socialmente aceitável. O trabalho foi publicado online dia 24 de julho da revista JAMA Psychiatry.

Os investigadores ingleses analisaram dados de três estudos, a fim de avaliar o efeito que o fumo durante a gravidez teve nas crianças. Para fazer a comparação, os autores interrogaram os pais e professores sobre o comportamento das crianças ? questões como a facilidade para entrar em brigas ou ter dificuldade em prestar atenção. A análise também comparou crianças que foram criadas por mães adotivas e biológicas, em um esforço para trazer à tona a influência da genética e da parentalidade, em uma tentativa de estreitar a ligação entre o fumo pré-natal e o comportamento. Os pesquisadores atribuíram pontuações ao comportamento das crianças com uma média de 100, sendo que pontuações acima desse número indicam mais problemas de conduta.

Os resultados mostraram que os filhos das mães que não fumaram durante a gravidez tiveram pontuações em torno de 99, em comparação com os 104 pontos das crianças cujas mães fumaram 10 ou mais cigarros por dia. Em todos os trabalhos analisados, houve uma ligação significativa entre o fumo durante a gravidez e aumento do risco de problemas de comportamento nas crianças.

Segundo os cientistas, a pesquisa sugere uma associação entre o fumo durante a gravidez e problemas de conduta da criança que não são totalmente explicados por fatores pós-parto, como as práticas parentais. Eles afirmam que a explicação causal para a associação entre o tabagismo na gravidez e problemas de conduta nas crianças não é conhecida, mas pode incluir fatores genéticos e outros perigos ambientais pré-natais, que podem ir além do simples hábito de fumar.

Doze motivos para parar de fumar já!
Motivos não faltam para extinguir o fumo da sua rotina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o tabaco irá matar nada menos que seis milhões de pessoas somente em 2011, sendo 600 mil fumantes passivos. Se esses números continuarem aumentando, a estimativa é que, em 2030, oito milhões de pessoas morram por ano por conta desse péssimo hábito. A epidemia do tabagismo matou 100 milhões de pessoas no século XX, já que há mais de 50 doenças relacionadas a esse hábito, mas que poderiam ser evitadas. Confira doze dos inúmeros malefícios de fumar: 
  • Tabaco afeta olfato e paladar - Foto: Getty Images
  • Doenças gastrointestinais - Foto: Getty Images
  • Cigarro provoca envelhecimento precoce - Foto: Getty Images
  • Cigarro aumenta chances de catarata - Foto: Getty Images
  • Cigarro anula efeito de beber moderadamente - Foto: Getty Images
  • 95% dos pacientes com câncer de boca fumam - Foto: Getty Images
  • Tabagismo é a causa principal de DPOC - Foto: Getty Images
  • Cigarro prejudica formação das células  - Foto: Getty Images
  • Fumo aumenta doenças neurológicas - Foto: Getty Images
  • Fumar aumenta problemas cardiovasculares - Foto: Getty Images
  • Cigarro traz problemas para o sistema reprodutor - Foto: Getty Images
  • Grávidas devem ficar longe da fumaça do cigarro - Foto: Getty Images
 
 
DE 12
Tabaco afeta olfato e paladar - Foto: Getty Images
Redução de olfato e paladar 
O fumo traz sérias alterações na boca e no nariz. "Os agentes químicos presentes no cigarro atuam como irritantes da mucosa bucal, o que resseca e aumenta a camada de queratina", explica a nutricionista Thais Souza, da Rede Mundo Verde. Ela explica que o fumo promove alterações nas papilas gustativas, o que impede que o fumante sinta o real sabor dos alimentos. 

Além disso, o cigarro é prejudicial para a mucosa olfativa, já que seu efeito térmico pode levar a lesões que alteram o olfato. 
Doenças gastrointestinais - Foto: Getty Images
Doenças gastrointestinais 
A digestão já fica prejudicada por conta das alterações no paladar. Para completar o desastre, a nicotina no sistema digestivo provoca a diminuição da contração do estômago e provoca irritação. O uso contínuo do cigarro enfraquece o músculo que impede o refluxo, o que aumenta o contato de ácido gástrico com a mucosa esofágica. O tabaco ainda facilita a infecção por bactérias causadoras da úlceragástrica. 
Cigarro provoca envelhecimento precoce - Foto: Getty Images
Rugas e pele envelhecida 
Além dos dentes amarelados e do mau hálito, a pele tende a envelhecer mais rápido nos fumantes. "Existem alguns estudos feitos com gêmeos, em que somente um tinha o hábito de fumar, que comprovaram que aquele que fumava poderia aparentar até oito anos a mais que o irmão", conta o cirurgião plástico Gerson Luiz Julio. 

Isso acontece porque a pele diminui a produção de colágeno e perde brilho e elasticidade. De acordo com Gerson, o aparecimento precoce de rugas também é provável, o que deixa a pele com um aspecto pardo ou amarelado. "Outra característica que os fumantes normalmente expõem na face são as populares manchas", completa o profissional.  
Cigarro aumenta chances de catarata - Foto: Getty Images
Problemas de visão 
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer, INCA, os fumantes apresentam um risco duas vezes maior de catarata e de duas a três vezes maior de desenvolver a degeneração macular relacionada à idade. 

O oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares, conta que os efeitos maléficos do tabagismo também estão associados à queda das pálpebras. "Isso pode provocar uma diminuição do campo visual e o aparecimento da oftalmopatia de Graves, doença que apresenta como sintomas retração palpebral, edema palpebral, lacrimejamento, fotofobia, sensação de corpo estranho, entre outros", afirma o profissional. 
Cigarro anula efeito de beber moderadamente - Foto: Getty Images
Anulação dos efeitos benéficos de beber com moderação 
A comprovação vem de um estudo da Universidade de Cambridge (Inglaterra) com 22 mil participantes. De acordo com os cientistas, beber com moderação (de três a 14 doses por semana) diminui as chances de um AVC, ou seja, uma redução de 37% no risco de acidente vascular cerebral. 

No entanto, os fumantes que consumiam uma quantidade similar de álcool não apresentavam tal declínio em suas chances para o curso. Vale lembrar também que já era comprovado que pessoas que fumam têm um risco 64% maior de ter um acidente vascular cerebral do que aquelas que nunca fumaram. 
95% dos pacientes com câncer de boca fumam - Foto: Getty Images
Câncer de boca
De acordo com o diretor do Departamento de Estomatologia do Hospital do Câncer, Fábio de Abreu Alves, 95% dos pacientes com câncer de boca fumam. O motivo é a composição do cigarro: "Ele é produzido por cerca de 4.700 substâncias tóxicas, sendo 60 cancerígenas", diz o especialista. Esse emaranhado de elementos nocivos presentes no tabagismo ainda é responsável por diversos outros tipos de câncer, principalmente nas vias aéreas, como laringe, esôfago e pulmão. 

O dentista Marcelo Kyrillos, da clínica odontológica Ateliê Oral, também explica que a nicotina desestrutura a parte óssea da boca e danifica a estética vermelha natural da gengiva. O esmalte dos dentes é atingido pelo alcatrão. Ela penetra no esmalte superficial e causa o escurecimento deles. 
Tabagismo é a causa principal de DPOC - Foto: Getty Images
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
O tabagismo é a principal causa da DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), complicação definida pela presença de obstrução progressiva do fluxo aéreo. "O perigo de desenvolver DPOC em um grupo de fumantes de dois maços de cigarros por dia é aproximadamente 4,5 vezes maior que para os não-fumantes", conta a fisioterapeuta Adriana Marques Battagin, especialista em fisioterapia cardiorrespiratória. 

Ela explica que o impacto da DPOC sobre o indivíduo portador não se dá somente na limitação física para a execução das atividades da vida diária, mas também nas relações afetivas, conjugais, sexuais, no lazer e no exercício profissional. Em decorrência da limitação física, muitos doentes tornam-se amplamente dependentes de seus familiares, despertando um sentimento de incapacidade e contribuindo para a diminuição de sua auto-estima e a alteração de humor. 
Cigarro prejudica formação das células  - Foto: Getty Images
Alteração das funções dos genes 
A exposição à fumaça de cigarro altera a formação das células por conta do comprometimento da função de alguns genes, segundo um estudo realzado pela Southwest Foundation for Biomedical Research, nos Estados Unidos. 

Os cientistas analisaram 1.200 pessoas e identificaram 323 genes que sofrem alterações na hora de converter informações genéticas em funções celulares por causa da fumaça do cigarro. Essas alterações têm grande influência negativa no sistema imunológico e um forte envolvimento no processo de morte das células e desenvolvimento de câncer.  
Fumo aumenta doenças neurológicas - Foto: Getty Images
Doenças neurológicas 
Cientistas do National Brain Research Center, da Índia, descobriram uma ligação direta existente entre tabagismo e danos cerebrais. Um composto do cigarro, chamado NNK, desencadeia uma resposta exagerada do cérebro a partir de células imunes no sistema nervoso central. 

Os glóbulos brancos, que normalmente eliminam células danificadas, passam a atacar células saudáveis, resultando em graves danos neurológicos. De acordo com os pesquisadores, a substância é considerada pró-cancerígena, o que significa que pode causar câncer quando é modificada por processos metabólicos do corpo, além de desencadear distúrbios como a esclerose múltipla. 
Fumar aumenta problemas cardiovasculares - Foto: Getty Images
Problemas no coração 
A complicação cardiovascular decorrente do cigarro afeta até mesmo o fumante passivo. Pesquisadores do Departamento de Cardiologia do Erasme Hospital e a Univesité Libre de Bruxelles, na Bélgica, comprovaram que respirar as substâncias do cigarro afetam várias funções do sistema vascular arterial - e mesmo quando já não há mais fumaça no ar. 

O tabagismo - tanto ativo quanto passivo - provoca elasticidade do sistema vascular. O presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Fernando Nobre, alerta: "Essa elasticidade traz danos para a manutenção de uma pressão arterial saudável, além de poder evoluir para outros problemas, como o AVC". 
Cigarro traz problemas para o sistema reprodutor - Foto: Getty Images
Infertilidade em mulheres e homens
O ginecologista Assumpto Iaconelli Júnior conta que, nas mulheres, o tabagismo pode causar: antecipação da menopausa, aumento de irregularidades menstruais, alterações hormonais, menor qualidade dos óvulos e embriões e dificuldade de implantação do óvulo. 

"Observamos na nossa clínica, que realiza tratamentos de fertilização in vitro, que mulheres que fumam têm menor taxa de sucesso e precisam do dobro de tentativas, em média, em relação às não tabagistas, para conseguir uma gestação", completa o especialista. 

Já nos homens, o cigarro afeta a formação e diminui a mobilidade dos espermatozóides, piora o potencial de fertilização e aumenta o estresse oxidativo (radicais livres).  
Grávidas devem ficar longe da fumaça do cigarro - Foto: Getty Images
Complicações na maternidade 
Gravidez definitivamente não combina com cigarro. "Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia ocorrem mais frequentemente quando a mulher grávida fuma", afirma o ginecologista Aléssio Calil Mathias. 

Segundo dados do INCA, um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar, em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular. 

Um estudo da Universidade de York, no Reino Unido, também aponta que mulheres que fumam na gravidez têm maior risco de ter filhos hiperativos e com problemas de atenção na escola. 

E não é só: o pneumologista Sergio Ricardo Santos, presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), ainda dá o alerta de que bebês que convivem diretamente com fumantes têm maiores chances de morrer sem nenhuma causa aparente, a chamada Síndrome da Morte Súbita Infantil. 

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