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sábado, 4 de agosto de 2012

“Pulo do gato” do judô faz técnica Rosi brilhar na primeira semana olímpica

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Rosicléia Campos, maior vencedora até agora em Londres, com o ouro do judô de Sarah Menezes (acima) e o bronze de Mayra Aguiar. Alaor Silva/Agif/COB

Denise Mirás, do R7, em Londres

Rosicléia Campos é o grande nome da delegação brasileira nesta primeira semana de Jogos Olímpicos em Londres. Técnica da equipe feminina de judô, conquistou uma medalha de ouro com Sarah Menezes (categoria -48 kg), a única do Brasil até agora, e um bronze com Mayra Aguiar (-78 kg), que somadas aos bronzes de Felipe Kitadai (-60 kg) e Rafael Silva (+100 kg), treinados por Luiz Shinohara, levaram à melhor campanha dos judocas do país na história.

O trabalho de Rosicléia já havia mostrado resultados em Pequim 2008, quando Ketleyn Quadros foi a primeira mulher a ganhar uma medalha olímpica no judô para o Brasil. Naquele instante, Rosicleia pensou “só por um instante!”, que podia morrer. Que nada. Traçou “o pulo do gato” para estes Jogos de Londres.

A treinadora disse que o judô feminino assumiu postura própria, depois de se desvincular do masculino, em termos de trabalho, e de se sustentar a partir de conquistas importantes.

Ex-atleta, foi estudar para ser técnica

Rosi luta judô desde os 11 anos e foi atleta da equipe brasileira entre 15 e 30 anos. Esteve nas Olimpíadas de Barcelona 1992 e de Atlanta 1996. Quando encerrou a carreira de atleta, já tinha em mente que continuaria no esporte e se preparou: fez duas pós-graduações, em treinamento esportivo e em judô de alto rendimento, e começou a trabalhar com a equipe brasileira como assistente de Priscila Medeiros e Geraldo Bernardes.

Em Sydney 2000, Rosicléia Campos era auxiliar-técnica; no ano seguinte, passou a fazer parte do grupo de técnicos da CBJ [Confederação Brasileira de Judô], dirigindo a equipe juvenil. Em 2002, começou a treinar a júnior e passou à equipe sênior em 2005.

Nesse caminho longo, acompanhou as meninas desde a adolescência, estudando e analisando seu amadurecimento físico, técnico e psicológico. Sarah Menezes, por exemplo, a única medalhista de ouro do Brasil até agora, aos 22 anos, chegou à equipe principal com apenas 16.

Apoio, resultados e credibilidade

Para a treinadora, para conseguir credibilidade em seu trabalho, foi muito importante o apoio que recebeu de Ney Wilson, coordenador técnico da CBJ; de José Roberto Perillier, hoje gerente geral de alto rendimento do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), e Jorge Bechara, do setor administrativo do COB – que “compraram a briga” pela ex-atleta de 35 anos, que agora tem 43.

Hoje muito mais estruturado, o judô dá chance aos atletas de conhecerem seus adversários, de vídeos e de competições (no caso do feminino em Londres, as judocas brasileiras tinham lutado contra todas as rivais da categoria, que também tinham analisado por vídeos; em Atlanta 1996, Rosi não conhecia nenhuma de suas rivais).

Com estrutura e resultados, mais a credibilidade adquiriada, o judô feminino assumiu suas diferenças do masculino e se tornou independente em trabalho e planejamento.

Esse foi o pulo do gato, nas palavras de Rosicléia Campos.

Primeira medalha em 2008, primeiro ouro em 2012

O judô feminino é muito diferente do masculino, não apenas em questões técnicas mas também nos aspectos médicos e fisiológicos, e as garotas recebem apoio da treinadora até em dicas sobre postura em redes sociais. A mulher é mais passional e crítica, atenta e comprometida, observa Rosi, que já havia destacado: a equipe brasileira é muito forte, bem preparada fisicamente.

Até estes Jogos de Londres, Rosi lembrava das sete medalhas do Pan 2007; da primeira medalha olímpica com Ketleyn em 2008; dos dois bronzes no Mundial 2010; da prata e do bronze no Mundial 2011; da primeira vitória por equipes sobre Cuba, no Pan de Judô... Agora, a lista já tem outro bronze aqui dos Jogos de Londres e... ouro olímpico!

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