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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A importância do desenho na pré-escola.

Ensinar a turma a desenhar exige oferecer contato permanente com a produção artística de diferentes lugares e épocas para ampliar o olhar.


Manuela Picanço Sadala de 1 ano e 11 meses.
Manuela Picanço Sadala de 1 ano e 11 meses.
Crianças em idade pré-escolar adoram desenhar. Traçam círculos imaginários com canudinhos, usam o dedo para rabiscar o vidro embaçado do carro, fazem cenários na areia. Quando têm acesso ao lápis, então, é uma festa. O desenho é uma das formas de expressar o que sentem e pensam sobre si mesmas e o mundo. "Elas passam a entender melhor suas emoções e a mostrar sua interpretação dos valores, conceitos e normas da sociedade, bem como expressar carinho pelos amigos e familiares", diz a psicopedagoga Mônica Cintrão, da Universidade Paulista (Unip), em São Paulo. Além disso, descobrem que é possível inventar e fantasiar. "Qualquer um pode criar um super-herói", completa Paulo Cheida Sans, professor da Faculdade de Artes Visuais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, no interior paulista. 


Mas é possível ensinar a desenhar? Desde o século 19, duas escolas se alternaram no dia-a-dia: a tradicional, segundo a qual as crianças devem copiar modelos, e a renovada, que defende que eles não precisam de orientação. Hoje, o modelo contemporâneo propõe que o melhor é instigá-los a criar partindo do conhecimento do mundo da arte e da cultura visual. É o que os especialistas chamam de "desenho cultivado". No livro O Desenho Cultivado da Criança: Prática e Formação de Educadores, Rosa Iavelberg, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), comenta essas mudanças. 



Segundo ela, a escola tradicional pregava que, por não saber desenhar, as crianças precisavam treinar habilidades e cópia para chegar ao referencial de imagens figurativas, cada vez mais próximas da realidade e dos modelos da arte adulta. Nessa época, só havia espaço para a reprodução técnica, marcada pela impessoalidade dos aprendizes, que imitavam formas externas e preconcebidas. Imagens de bichos e objetos também eram apresentadas como atalhos para o ensino de números: a haste de um guarda-chuva virava o 1, a curva do pescoço de um cisne transformava-se no 2. Essas propostas acabaram superadas porque impunham um ponto de vista adulto sobre a aprendizagem sem levar em conta o saber da criança.
Fotos: Rosinha Costa

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