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terça-feira, 9 de outubro de 2012


Entenda os riscos da carência de vitamina A na infância

Ministério da Saúde oferece megadose do nutriente para prevenir doenças futuras

POR CAMILLA ROLIM - PUBLICADO EM 24/08/2012

 Ao longo da campanha para atualizar as carteiras de vacinação, feita durante o mês de agosto, o Ministério da Saúde também investiu em uma frente especial para o Norte, Nordeste e parte do Estado de Minas Gerais: nessas regiões, as crianças de até cinco anos também receberam uma megadose da vitamina A, essencial para o desenvolvimento saudável desta faixa etária. "O Brasil é o país de toda a América com mais casos de deficiência de vitamina, o problema já se tornou caso de saúde pública", afirma o pediatra Sylvio Renan, da MBA Pediatria e Nefrologia. A importância desse nutriente vai desde o aprimoramento da visão (casos graves de deficiência chegam a causar cegueira) até proteção contra doenças e reforço da imunidade. Bebês de 0 a 1 ano de idade devem consumir 375µg diários de vitamina A, enquanto crianças de 1 a 3 anos de idade precisam de 400µg no mesmo período. A dose sobe para 500µg na turma de 4 a 6 anos de idade. Para entender melhor os riscos dessa carência nutricional, veja a galeria a seguir.
  • Crianças brincam com mãos nos olhos - Foto: Getty Images
  • Mãe compara o crescimento do filho - Foto: Getty Images
  • Joelho machucado de criança - Foto: Getty Images
  • Mãe cuida de criança doente - Foto: Getty Images
  • Avó e neto caminham pela praia - Foto: Getty Images
  • Menina come prato com feijão - Foto: Getty Images
  • Casal se abraça - Foto: Getty Images
 
 
DE 7
Crianças brincam com mãos nos olhos - Foto: Getty Images

Para enxergar melhor

"Células da retina usam a vitamina A para fornecer os ajustes da luminosidade e educar o cérebro quanto à noção de claro e escuro", afirma a nutricionista Simone Freire, especialista em Saúde Pública pela Unifesp. A carência do nutriente, além de afetar o desenvolvimento dessa habilidade (e sujeitar os olhos à exposição luminosa excessiva, prejudicando a visão ao longo dos anos), pode levar ao ressecamento da córnea - nas situações extremas, isso torna a membrana espessa e opaca a ponto de causar cegueira irreversível. Nas crianças até cinco anos, entretanto, dificilmente a dieta consegue oferecer doses suficientes de vitamina A, daí a necessidade de suplementação. 
Mãe compara o crescimento do filho - Foto: Getty Images

Crescer com saúde

A mortalidade infantil chega a diminuir 33% quando há suplementação de vitamina A em crianças de seis meses a cinco anos de idade. "Alimentos ricos deste nutriente são responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento do esqueleto", afirma o pediatra Sylvio Renan. O desenvolvimento psíquico também depende da presença de vitamina A, que ajuda na formação dos neurônios. "Mesmo se não houver uma campanha do Ministério da Saúde na sua região, procure o pediatra e discuta com ele a necessidade dessa suplementação na dieta infantil", afirma o especialista da MBA Pediatria e Nefrologia. 
Joelho machucado de criança - Foto: Getty Images

Pele ficar mais resistente

Tombos, arranhões e machucados são comuns na infância e a recuperação rápida de episódios assim depende diretamente da presença de vitamina A no organismo. "Ela atua na manutenção dos tecidos que formam a pele, por isso quando há falta do nutriente, pode ocorrer um processo chamado queratinização, ou seja, o ressecamento e enfraquecimento desses tecidos", afirma a nutricionista Simone Freire. Na prática, isso significa machucados que demoram demais para cicatrizar e maiores chances de infecções. "Vale lembrar que o tecido epitelial também está presente nos órgãos internos, por isso estômago, intestino e bexiga urinária, por exemplo, também sofrem quando há falta de vitamina A no organismo." 
Mãe cuida de criança doente - Foto: Getty Images

Imunidade nota 10

As mais de 250 milhões de crianças que enfrentam carência de vitamina A no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estão mais vulneráveis a doenças, como acontece com a população infantil de algumas regiões do Brasil. "Nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Bahia e Amazonas a situação virou um problema de saúde pública", afirma o pediatra Sylvio Renan. A quantidade de linfócitos T, responsáveis pela proteção do corpo contra micro-organismos causadores de doenças, está relacionada com a quantidade de vitamina A disponível no organismo. "Se falta vitamina A, a síntese desse tipo de linfócito é afetada, cai a imunidade e o organismo torna-se mais receptivo a vírus e bactérias perigosas", afirma a nutricionista Simone Freire. 
Avó e neto caminham pela praia - Foto: Getty Images

Reforço no DNA

As informações hereditárias se mantêm com mais força no DNA, e poderão ser passadas para os futuros descendentes com sucesso, quando a presença de vitamina A no organismo atende as recomendações médicas. Fígado, gema de ovo, leite e derivados são repletos do nutriente em sua forma integral. Já os de origem vegetal, como manga, mamão, abóbora e cenoura, só serão metabolizados com um estímulo. "O carotenol só se transforma em retinol (derivado da vitamina A) com o estímulo dos raios solares, por isso é importante tomar diariamente 15 minutos de sol", afirma o pediatra Sylvio Renan. A exposição deve acontecer até as 10h ou após as 16h, quando os raios ultravioletas não oferecem perigo à pele. 
Menina come prato com feijão - Foto: Getty Images

Para promover a absorção de ferro

De nada adianta consumir alimentos ricos em ferro se o corpo não possui vitamina A suficiente para que o mineral seja metabolizado. "A carência de vitamina A afeta negativamente a absorção do ferro e isso dificulta a transmissão do oxigênio através das células", afirma o especialista Sylvio Renan. "O sangue com oxigênio alimenta, praticamente, todas as funções do organismo, por isso a carência de ferro e de vitamina A está relacionada a uma variedade tão grande de problemas e precisa ser evitada a todo custo." 
Casal se abraça - Foto: Getty Images

Saúde sexual masculina

A carência de vitamina A na infância provoca reflexos que se estendem pela vida adulta. Um processo ainda não entendido totalmente, mas já comprovado pela medicina, está relacionado à saúde reprodutiva do homem. "Baixos níveis de vitamina A na infância aumentam a predisposição a risco de câncer de testículo", diz o pediatra Sylvio Renan. 

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