Em jogo que começou morno e terminou com reação, seleção vence os atuais vice-campeões olímpicos e pode pegar sequência com Argentina e EUA
Jogar para perder seria castigar demais o espírito olímpico, mas poupar os músculos olímpicos, retomar o fôlego olímpico e até flertar com uma preguiça olímpica, tudo bem. Classificados para a segunda fase, brasileiros e espanhóis entraram em quadra nesta segunda-feira, na Arena de Basquete, sabendo que aquele não seria o jogo da vida de ninguém. A derrota não viria exatamente como castigo - ao contrário, na teoria facilitaria o caminho até a final em Londres. Sem pisar fundo no acelerador durante o primeiro tempo, os dois times aproveitaram para rodar os elencos e tiveram seus momentos de fogo baixo. No fim, a coisa apertou, e o Brasil mostrou que estava disposto a sair com a vitória. Diante de uma Espanha apática, acabou conseguindo, por 88 a 82, com uma virada contundente nos minutos finais pelas mãos de Leandrinho. O "prêmio" pelo esforço é uma estrada ingrata daqui em diante, onde devem estar os dois últimos campeões olímpicos: Argentina e Estados Unidos.
Ao fim da partida, Rubén Magnano evitou comentar a atitude da Espanha, que levou 31 pontos no último quarto sem a habitual resistência. Mas valorizou a postura do Brasil.
- Eu me sinto muito orgulhoso do que faz minha equipe. Talvez por isso eu seja professor também, para transmitir valores, e não só jogar basquete. Qualquer pessoa que olha essa atitude fica colada com isso. Ninguém vai apontar o dedo para nós - afirmou o treinador argentino.
'É esquisito', diz Alex
O ala Alex, no entanto, admitiu que o fim do jogo foi estranho, com os espanhóis deixando espaço para os arremessos que possibilitaram a reação brasileira.
- A gente tem que pensar no nosso. Não dá para entrar num jogo decisivo assim pensando em perder. É esquisito, a gente entrou no último quarto perdendo, e eles foram inventar de marcar por zona. Aí fizemos 31 pontos - lembrou o ala.
O técnico da Espanha, Sergio Scariolo, refutou qualquer possibilidade de ter entregado o jogo no último quarto.
- Conhecendo a minha pessoa, meus jogadores, a minha Federação e o nosso comportamento, levantar essa questão é uma falta de respeito - afirmou.
Com quatro vitórias e apenas uma derrota, a seleção de Rubén Magnano termina em segundo lugar no Grupo B. Se os americanos confirmarem o favoritismo no último jogo do dia, o rival do Brasil nas quartas será a Argentina, na quarta-feira, ainda sem horário definido. Quem passar, pegará na semi o vencedor de EUA x Austrália. Se tivesse perdido para a Espanha, a equipe verde-amarela provavelmente enfrentaria a França nas quartas e a Rússia nas semis.
Herói da reação no fim, Leandrinho foi o cestinha brasileiro com 23 pontos, em sua melhor atuação em Londres até agora. Marquinhos fez 13, e Tiago Splitter colaborou com 11. Pelo lado espanhol, os irmãos Gasol comandaram as ações: Pau fez 25 pontos, e Marc fez 20.
Além da intenção de dar ritmo a alguns reservas, o Brasil já começou o jogo com uma baixa: Nenê sentiu dores na planta do pé esquerdo e foi poupado. Do banco de reservas, viu Caio Torres ganhar bons minutos de quadra, assim como Raulzinho, que chegou a ser usado junto com Larry Taylor. Ao fim do primeiro tempo, todos os jogadores do elenco de Magnano já tinham pontuado.
O primeiro quarto foi de domínio espanhol, mas basicamente por causa de um jogador. Pau Gasol colocou o time nas costas, fez 13 pontos e manteve os europeus à frente no placar o tempo todo. A defesa brasileira não sabia o que fazer para frear o pivô do Los Angeles Lakers: Varejão, Splitter, Caio, Giovannoni, todo mundo deu sua parcela de ajuda, mas estava difícil. E Gasol tinha ainda um coadjuvante de luxo, Serge Ibaka, que encerrou o período com um toco fantástico em Larry Taylor: Espanha 26 a 17.
No segundo quarto, a preguiça trocou de lado. Os espanhóis também rodaram bem o elenco, cometeram muitos erros, e o Brasil aproveitou para reagir. A diferença caiu para três num tiro de longe de Giovannoni e chegou a ficar em dois pontos. Nos minutos finais antes do intervalo, contudo, os atuais vice-campeões olímpicos dominaram as ações outra vez e pularam para 44 a 38.
Os irmãos Gasol continuaram castigando o Brasil no terceiro quarto, e a diferença chegou a 11 pontos. Ficou passeando por essa margem, enquanto Marquinhos, Leandrinho & Cia. tentavam encurtar. Até a virada para os dez minutos finais, não deu: 66 a 57.
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