Jornal O Globo 8 de julho de 2012 Saude & Bem-Estar
Atividade na infância diminui risco de fraturas no futuro - e para entreter criança, vale quase tudo
RIO - Deixar a criança em casa, sob a vigilância de um responsável, assistindo à programação ininterrupta da TV enquanto os pais trabalham ou realizam uma de suas atividades rotineiras parece uma saída. Mas além dos prejuízos já comumente relacionados ao sedentarismo infantil, como os riscos de obesidade, problemas cardíacos ou motores, há mais um forte motivo para estimular os pequenos a se mexer: faz bem para os ossos.
Um estudo divulgado na publicação da Academia Americana de Pediatria acompanhou crianças entre 7 e 9 anos, por um período de quatro anos, e constatou que a atividade física garantiu o aumento da densidade óssea e do tamanho do próprio osso, sem possibilidade de fraturas. Pelo contrário: exercícios diários moderados antes da puberdade melhoram a resistência óssea, diminuindo esse risco.
Segundo o grupo de pesquisadores suecos responsáveis pelo trabalho, a criança que se exercita chega à velhice com menos probabilidade de desenvolver osteoporose. De acordo com a pesquisa, antes da puberdade há um crescimento celular mais intenso do osso, e o exercício potencializa este desenvolvimento.
O estudo recomenda às crianças a prática de de atividades físicas por pelo menos 30 minutos diários. Se para alguns parece muito, o pediatra Roberto Cooper, do Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, garante que a solução é bem simples:
— Exercício nesta idade significa brincar: correr, pular, escalar coisas, jogar bola, que são atividades que envolvem impacto, repetição, velocidade, e isto estimula o osso. O que era um prazer diário, foi sendo esquecido na vida das grandes cidades. Mas o Rio de Janeiro tem bastante espaço, é preciso vencer a preguiça.
Quem leva este conselho à risca é a Aline Motta, que diz que se o tempo está bom prefere não ficar em casa com seu filho Miguel, de 2 anos.
— O Rio é uma cidade para se ficar ao ar livre. É bom que ele saia, vá ao parquinho, brinque, interaja com outras crianças. Noto que ele é ágil, cai muito pouco, sobe com facilidade no escorrega — afirma Aline, durante um passeio no Baixo Bebê, na Lagoa.
Mas como estimular a criança a se exercitar se os próprios pais são os mais sedentários? Um levantamento da Associação Brasileira de Academias no Rio (Acad-RJ) mostra que pais ativos têm 60% de chance de que seus filhos também o sejam.
— Sempre que possível, trago ela comigo — conta Susana Vaz, durante caminhada na Lagoa com a filha Luísa, de 7 anos. — Com a atividade, vejo que ela fica mais forte, com mais fome, mais ativa e ainda dorme melhor.
Entre ficar em casa ou na rua, Luísa nem pensa para responder:
— Gosto mais de ficar do lado de fora — afirma a menina, que ainda exemplifica uma de suas atividades favoritas: — Andar de bicicleta.
Na rua ou na academia, o mais importante é que a criança se sinta à vontade. Esta é a recomendação do professor Paulo Roberto Gonçalves, coordenador de atividades coletivas da Academia Velox Fitness.
— Nesta fase, é legal experimentar, deixar a criança passar por diferentes atividades. Depois, ela vai acabar optando por um esporte — afirma Gonçalves, que ainda alerta sobre o exercício adequado para cada caso:
— Se a criança quiser sair de uma aula, respeite. Mesmo pequena, ela sabe do que gosta. O grande erro é o pai achar que ele deve escolher pelo filho. Dessa forma, quando adulto, ele pode acabar rejeitando a prática de exercícios.
Ainda segundo o professor, a atividade física pode trazer vários benefícios ao corpo, mas de nada adianta se a prática for chata. Portanto, vale ousar para agradar.
Com apenas 4 anos, Ana Laura Portes dá show na aula de patinação na Velox, e já faz planos.
— Ela gosta tanto que me fez comprar patins, e diz que quando eu estiver craque, vamos à escola patinando — diverte-se a mãe, Daniela Portes
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