Mecanismo de autofagia só havia sido observado em situações de fome e estresse
Pesquisa realizada em camundongos mostrou que o exercício físico induz a um "sistema de reciclagem" das células, que faz com que elas se adaptem a mudanças nas demandas de energia e de nutrição. O processo chamado de autofagia acaba por proteger diversos órgãos, entre eles o coração.
“Ficamos muito animados com a descoberta de que 30 minutos de exercício induz fortemente a autofagia em diversos órgãos, entre eles músculo, coração, fígado, pâncreas e tecido adiposo. Antes deste trabalho, somente fome e estresse eram conhecidos como grandes indutores de autofagia”, disse ao iG Congcong He, do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas.
Os pesquisadores realizaram o estudo com dois tipos de camundongos. Um deles foi modificado pelos pesquisadores e não era capaz de realizar a autofagia, o segundo tipo não tinha sofrido modificações. O estudo mostrou que os camundongos que não realizavam autofagia eram incapazes de emagrecer após oito semanas de exercícios. Além disso, os camundongos modificados não conseguiram se exercitar durante tanto tempo quanto seus pares “normais”.
“Isso acontece possivelmente devido a defeitos nos caminhos de sinalização celular que regulam a tomada e o metabolismo da glucose quando se faz exercício. Essas descobertas ilustram o papel importante da autofagia na mediação de benefícios ao metabolismo que não eram ainda conhecidos”, afirmou He.
O estudo também concluiu que o exercício tem papel importante na prevenção de diabetes. “Com base no estudo é possível dizer que a diabetes tipo 2, ao menos em camundongos, pode ser bem prevenida mediante exercício diário, mesmo com uma dieta com muita gordura. Nosso estudo ajuda a desenvolver o conceito de que aumentando a atividade de autofagia em geral pode ser benéfico para combater resistência à insulina, obesidade e complicações metabólicas relacionadas a ela.”
Os pesquisadores querem agora desenvolver molécula que possa “substituir” o exercício. “Nosso sonho é achar um composto que induza a autofagia e possa ‘mimetizar o exercício’ para que possamos aplica-lo em pessoas que estejam fisicamente confinadas e não possam se exercitam sozinhas. Nosso laboratório está, neste momento, caracterizando um reagente sintético que é capaz de induzi-la in vitro e in vivo”, explicou He.
O trabalho, que foi publicada nesta quarta-feira (18) no periódico científico Nature, também sugere que a ativação da autofagia pode estar conectada a outros benefícios para a saúde relacionada a exercícios diários como proteção do sistema cardiovascular, efeitos anticâncer e extensão do tempo de vida.
Fonte: iG
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