Esse fato aconteceu durante a Trasladação (romaria noturna que antecede o dia do Círio), mas, poderia também ter sido durante o Círio (segundo domingo de outubro), pois a Fé dos devotos de Nossa Senhora é a mesma seja noite ou dia.
A Berlinda coma imagem da Virgem estava parada em frente ao Colégio Nazaré, devido um dos inúmeros atropelos do caminho; uma homenagem com um coral infantil.Na porta de um prédio em frente, se aglomerava um grande número de fiéis, gente de todas as classes sociais e idades também. Eu, lá no meio.Foi quando um homem de alta estatura e vozeirão começou a desdenhar de Nossa Senhora, chamando o povo seu seguidor de ignorante, chamando Maria de prostituta, etc, desrespeitando mesmo a devoção do povo paraense.
Eu, que tenho fama de atrevida, olhei para ele e pensei: “Mas, que ousado! Um dia ainda acabam com um desses no meio da multidão. A sorte dele é que o povo de Nossa Senhora é natural de bom gênio e possui muito amor por Jesus, o que nos faz respeitadores e pacíficos no dia dedicado à mãe d’Ele.”
Pensei sim, mas, nada fiz. De repente, escuto uma senhora rezar em voz o mais alto que pode: “Ave-Maria, cheia de graça...” e o povo em volta dela começou a acompanha-la com tal ardor, que foi abafando a voz do homem atrevido. Ele foi saindo de mansinho e sumiu na multidão.Eu, que conheço a timidez dessa senhora, pois é minha irmã, fui tomada de surpresa e emoção por ver como a FORÇA QUE VEM DA FÉ nos proporciona coragem, nos incita à ação na hora em que se faz necessária.
Livro: MARIA, seu Povo e suas Estórias...
Autora: Mízar Klautau Bonna
Fotos:Rosa Costa
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