Desafio e superação. Essas duas palavras poderiam perfeitamente resumir a história de vida de Adriana Almeida dos Santos, 13, que tem paralisia cerebral. As limitações, contudo, nunca a impediram de chegar aonde queria. E um desses objetivos foi alcançado nesta quarta-feira, 20, com a conquista da medalha de ouro na prova dos 100 metros, no lançamento de pelota e no arremesso de peso durante as competições de atletismo dos VII Jogos Paralímpicos Escolares do Pará, realizados no Estádio Olímpíco do Pará. A vitória pode garantir à Adriana a convocação para a fase nacional dos Jogos Paralímpicos.
E assim como ela, oito alunos com deficiência que participam do Projeto Talentos Paralímpicos, desenvolvido pelo Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel
Lima Mendes - CRIE, vinculado à Secretaria Municipal de Educação, disputaram as provas de salto em distância,
corrida de 1000, 300 e 400 metros, arremesso de peso, lançamento de dardos e lançamento de pelota. “Estou muito feliz, é a primeira vez que participo e já sou campeã”, comemorou Adriana, que é aluna da Escola Municipal Paulo Freire, no Tenoné.
O projeto Talentos Paralímpicos, em sua primeira participação em eventos esportivos alcançou um total de 11 medalhas, sendo 11 de ouro, uma de prata e uma de bronze.
Os Jogos Paralímpicos são uma seletiva à Paralimpíada Nacional, que ocorrerá no período de 24 a 29 de novembro, em São Paulo. A fase estadual iniciou na segunda-feira, 18, e segue até o dia 21. Participam da competição quase 210 alunos com idades entre 12 e 17 anos. Nesta quinta-feira, 21, será o último dia da competição com provas de natação.
Para a mãe de Adriana, a dona de casa Keliane Barros de Almeida, o fato da filha realizar atividades esportivas só faz com que o desenvolvimento físico, psicológico e motor da jovem melhorem. “Antes a Adriana chorava quando ia pra escola, não gostava de fazer o dever de casa e nenhuma atividade física. Hoje a gente já percebe uma melhora considerável. Ela está muito mais comunicativa, já não cai tanto e consegue desenvolver as atividades como as outras crianças”, ressaltou.
Os Jogos Paralímpicos reúnem alunos de Belém, do Distrito de Mosqueiro e de
outros dez municípios: Ananindeua, Marituba, Tucuruí, Abaetetuba, Acará, Moju, Tailândia, Marabá, Parauapebas e Barcarena.
Além do atletismo, a competição abre espaço para outras modalidades esportivas como goalball, judô, futebol de 7 (praticado por atletas do sexo masculino, com paralisia cerebral), bocha, natação e futsal DI (Deficiência Intelectual).
Josiane de Araújo, 17, é portadora de nanismo. A jovem estuda na Escola Estadual Rodrigues Apinajé, mas também é atendida pelo projeto. Ela destaca a alegria e o prazer que a prática de exercícios lhe propocionam. “Eu sempre tive vontade de participar de uma competição, de saber como é, e agora estou podendo realizar um sonho por meio do projeto Talentos Paralímpicos”, afirmou.
O coordenador do projeto, Paulo Douglas de Andrade, define como principal barreira para a inclusão dos jovens nas atividades do Talentos Paralímpicos o instinto dos pais em superproteger os filhos por medo de que se machuquem ou não consigam obter o mesmo desempenho dos alunos que não apresentam restrições de movimento ou cognição.
"O difícil é convencer os pais a deixarem de ser superprotetores. Quando o convite é feito aos alunos, eles rapidamente aceitam e querem logo participar das atividades. Mas os pais relutam e pra vencer esse medo nós estabelecemos um diálogo intensivo e permanente com as famílias. É preciso compreender que a partir do momento que há a socialização entre alunos com deficiência, o contato faz com que eles melhorem a autoestima, o emocional, e outros fatores que influenciam diretamente no aspecto educacional”, ressaltou.
O Projeto Talentos Paralímpicos teve início este ano e seu principal objetivo é favorecer a inclusão educacional através do esporte. A equipe que atua no projeto avalia os alunos, dividindo as escolas por distritos, para avaliar aqueles que possuem maior potencial. O primeiro a ser visitado foi o distrito de Icoaraci. Além do atendimento esportivo, oferecido duas vezes na semana no Campus III da Uepa, os alunos também participam de atividades físicas e recreativas dentro das escolas.
Texto: Aline Saavedra
Foto: João Gomes / COMUS
Secretaria Municipal de Educação (SEMEC)