A cabeça de um campeão olímpico nem sempre é simples de decifrar. Técnico da seleção brasileira e do P.RO. 16, Alberto Silva ainda hoje sofre para identificar e entender exatamente por onde andam os pensamentos de Cesar Cielo e de seus outros atletas. Foi a partir daí, que resolveu testar uma nova forma de avaliar o psicológico dos nadadores. Neste semestre, eles tiveram de responder um longo questionário toda semana, para ajudar a acompanhar o estado mental de cada um deles.
- Tem uma escala de percepção de esforço, nível de vigor, de estresse, se está com raiva ou não está. Ficou um trabalho muito bacana. Quando o cara está entrando no overtrainning(sobrecarga de treinamento), ou está com um algum problema pessoal, algum sintoma cai naquela linha ali. E tem um nível baixo que preocupa. Se o atleta tiver isso na semana, o psicólogo me avisa para eu ficar de olho - explicou o técnico.
A avaliação é feita duas vezes por semana com todos os integrantes do P.RO. 16. A primeira, na segunda-feira, para saber como foi a recuperação do atleta depois do fim de semana, e a outra, no sábado, para decifrar como o nadador ficou após a carga intensa de treinos dos últimos dias. As perguntas são respondidas com notas de 0 a 10. O problema é que nem todos sabem dizer se conseguem responder exatamente o que estão sentindo.
- Eu atinjo muitos os extremos. Em 80% da temporada, quando vou preencher alguma coisa sobre qual a minha sensibilidade, se estou sonolento, se estou irritado, talvez coloque que estou irritado por ter acordado cedo e estar mau-humorado, e não por estar nadando mal. Às vezes a gente se compara, tem gente escrevendo sempre 6 no alerta, e eu 1, 2, no máximo. É a primeira vez que fazemos isso. Vamos ver qual vai ser o resultado. Não sei se eu meio que burlei e estraguei os testes – confessou Cielo, sorrindo.
Além do questionário por escrito, o grupo foi submetido a alguns trabalhos de dinâmica de grupo. Albertinho acredita que muita coisa pode ser aproveitada no desempenho dentro da piscina.
- Fazendo um trabalho de dinâmica voltado para respiração, meditação e visualização, você relaxa. Você pode fazer uma coisa de ativação. Em dupla, uma coisa de tentar desarmar o braço do cara. Então, trabalha a reação, a velocidade. Também pode trabalhar alguma coisa de confiança no grupo. O cara vem correndo e se joga no meio dos outros, e ele tem certeza que todo mundo vai segurá-lo.
Só que nem sempre o trabalho do treinador é levado muito a sério pela turma formada por Cielo, Thiago Pereira, Leonardo de Deus, Nicholas Santos, Vinícius Waked, Tales Cerdeira e Henrique Barbosa.
- A gente fez umas coisas. Umas deram certo, outras não deram. A maioria foi levada meio na brincadeira. Mas é uma coisa que a gente está testando para ver se para as Olimpíadas vale a pena – comentou Cielo.
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