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sábado, 8 de novembro de 2014

Projeto: “Lendo e Relendo as obras de Paulo Nunes”

MATINTA



Matinta
Para Bel, que doma matintas com as unhas
A noite alta vaga voos rasantes.
A velha cabeluda
se enovela cantando
Fii uiit it, Matintaperera!
Quero tabaco, moleca,
que quero-quero!
Tempo de lua cheia
E o fado da Matinta
é sexta-feira
It it, Matiiintapereeêê!
Amanheceu o sábado:
Ave, Deus!
Mas deixaram um osso de
gente embrulhado no pano preto
bem na janela do quarto.
Cruz-credo!
Virge de Nazaré!
É Matinta, é?!
toc!
 toc!
 toc!
- Mas, menina, que olheiras são essas, já?
- Ah, madrinha, num sonei...
- Antão me dá um golito de café e
um punhado de farinha.
- (??? !!!)
Apalermada
a menina quase morde a barra da saia.

20 Nunes (2006, p. 7).
Foto: Rosinha Costa

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